quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Kiko.




Tenho repulsa a quem olha para os animais como simples objectos. Não sei se sou eu, que me apego em demasia aos animais, se são as outras pessoas que simplesmente olham para  um animal como um ser vivo que não fala, não pensa, não sente. Tenho uma casa no norte e lá as pessoas têm muitos animais de rua, talvez por isso sejam um pouco mais desapegadas a eles. Fui passar lá alguns dias com os meus pais que já lá estavam com o meu lindo gatinho. Por lá, fez um amigo chamado Kiko. Todos os dias o Kiko vinha ter à nossa porta para brincar. O Kiko entrava em minha casa para fazer xixi, beber água ou apenas para comer e dormia na rua, numa cadeira que o meu pai deixava propositadamente para ele. Todos os dias em que lá estive, tanto de dia, como de noite, nunca ouvi os donos chamarem por ele. O Kiko andava sempre de volta dos nossos pés e pedi 3458 vezes aos meus pais para o adoptarmos, mesmo sabendo que o gato era da filha do vizinho.  Os meus pais também acabaram por se render ao Kiko, mas o vizinho dizia sempre que o gato era da filha (que tem cinco anos). Não querendo ser egoísta e sabendo que o gato é de uma criança, pus-me a pensar se um animal, seja gato, cão ou pássaro é realmente nosso apenas porque lhe damos comida ou temos um espaço para ele na garagem. Os animais são do mundo, mas na minha óptica, dando-lhes amor, festinhas com o som do ronronar ou brincando com eles, eles acabam por ser um pouco nossos também. E eu sinto que o Kiko era um pouco nosso. Hoje os meus pais voltaram de férias, trouxeram o meu gato, deixaram lá o Kiko. Hoje penso no Kiko, que ficou sem o amigo para brincar e sem a cadeira para se enroscar à noite. Hoje penso no Kiko, sozinho e as lágrimas começam a formar-se. Hoje penso no Kiko e tenho saudades, esperando ansiosamente pelo nosso reencontro. 

4 comentários:

Becas disse...

r: oh sim, espero e conto que sim

Anónimo disse...

As pessoas tratam muito mal os animais,isso não é correto, mas são eles que passam o desprezo e as violências!

Joana disse...

Ohh =(. Estas histórias partem-me o coração! Eu fui voluntária na União Zoófila porque tenho uma paixão imensa pelos animais e não consigo vê-los a sofrer. Por causa da aberração de alguns humanos.

r. O problema não é o talho, é o caminho que se percorre até lá =P

http://bolotta.blogspot.pt/

P' disse...

Eu acho que quando dizemos que o gato/cão/piriquito/etc é nosso assumimos um compromisso para com esse bichinho e esse compromisso acarreta amor, carinho, atenção e condições (higiénicas, de saúde, etc) e acho que o Kiko não encontra na dona de 5 anos nem nos pais da mesma o mesmo compromisso que vocês estavam prontos a assumir com ele.