sábado, 18 de abril de 2015

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Ontem foi dia de ir ao cinema com os meus primos. Enquanto caminhávamos, lembrei-os que há um ano atrás (e mais uns dias) tínhamos ido, os três, pela primeira vez, ver o filme "12 anos escravo" e recordava-me de como muito mudou desde então. Não foi o cinema, nem o filme, mas foi o dia e o seu desenrolar de emoções que me fizeram renascer. 
Todos os anos crescemos, temos novas experiências, descobrimos novas fórmulas, mas existem marcos que nos transformam por dentro e isso é o renascer de nós próprios. Os nossos olhos começam a observar o mundo de outro prisma e de novas formas. E eu senti (e ainda sinto) essa transformação a borbulhar dentro de mim. 
Fiquei naquele momento com nostalgia e saudade daquela felicidade de paz e liberdade sentida o ano passado. Senti saudade da minha vida há um ano atrás principalmente da faculdade por ter os amigos sempre por perto. Sou uma merda com o desapego  e este ano ano trouxe consigo o fim desse ciclo que tão bons momentos me proporcionou, por isso ainda me custa gerir.
Hoje, um ano depois, apesar de estar grata por todo o conhecimento e o amor que, ao longo deste ano, se proporcionou, falta-me qualquer coisa que ainda estou a descobrir. Tenho palpites: a falta da presença regular dos meus amigos e falta de mim mesma, por inteiro. No último livro que li ,"Jesusalém" de Mia Couto, o autor fazia uma comparação entre uma personagem e a polpa e o caroço de uma fruta. Neste momento, estando a tentar construir um bom caroço, mas é da polpa, da minha, que mais sinto falta.

quarta-feira, 15 de abril de 2015




Já dizia a minha tia há uns tempos: "hoje em dia, as pessoas sobem uma escada e pensam que já estão no topo". Tão verdade e tão triste ao mesmo tempo. Cada vez mais as pessoas se disputam, passam por cima de tudo e de todos não olhando para o lado. Os meios começaram a justificar os fins, mesmo que seja por um aumento de uns míseros euros. Espezinhar virou moda de quem tem ou pensa que tem o poder e a submissão por parte de quem cumpre virou hábito por medo de perder o emprego. A resignação é a solução para a permanência dos empregos, sempre assombrados pelos números crescentes do desemprego. É triste saber que, provavelmente, é isto que me espera no futuro: resignação, submissão, escravidão.
Neste momento, o meu feitio não me permite calar. Apesar de não ter nada contra os meus supervisores (são uns amores), a semana passada uma colega que não me é nada faltou-me ao respeito e ameaçou-me. Esqueceu-se que empresas de trabalhos temporários há aos pontapés e pensou que ficaria a tremer com as ameaças. Enganou-se, não consegui ficar calada. Primeiro, não estou preparada para injustiças nem para resignações. Segundo, fazer promoções é algo que gosto mas não é algo que me preenche, não é o meu trabalho de sonho e tenho outros objectivos, outros sonhos. O caminho que quero trilhar passa por outras rotas, por isso não vou deixar que me pisem porque não tenho medo, sei o que valho.  
As pessoas estão a fazer tudo ao contrário. Em vez de se unirem, ajudarem e lutarem juntas contra as injustiças praticadas pelos grandes, queixam-se mas à primeira oportunidade vendem-se por migalhas, juntando-se a eles e lixando o maior número de pessoas. É o tudo ou nada num país com os valores cada vez mais diminutos.